DO 'TESTAMENTO ESPIRITUAL'
DE SÃO PAULO DA CRUZ
(18 de outubro de 1775)
Em primeiro lugar, recomendo-vos instantemente o santíssimo preceito dado por Jesus aos seus discí¬pulos: 'Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros'. Eis, meus irmãos caríssimos, o que eu desejo com todo o afeto do meu pobre coração, quer de vós que aqui estais presentes, como de todos os demais que no momento trazem este hábito de penitência e de luto pela Paixão e Morte do nosso amabilíssimo Redentor, bem como dos que, futuramente, forem chamados pela divina Misericórdia a este pequeno rebanho do Senhor.
Recomendo a todos, particularmente aos Superiores, façam florescer sempre mais na Congregação o espírito de oração, o espírito de solidão e o espírito de pobreza. Ficai certos que, enquanto se mantiverem estas três coisas, a Congregação 'resplandecerá' como sol diante de Deus e dos homens'.
Recomendo-vos com especialíssimo empenho o afeto para com a santa mãe Igreja e a mais completa submissão ao seu Chefe visível, o Romano Pontífice, rezando dia e noite, quer pela mesma santa Igreja, como pelo Santo Padre. Procurem outrossim, quanto puderem, cooperar para o bem da santa Igreja, para a salvação das pobres almas do próximo, com as mis¬sões, os retiros espirituais e com as obras próprias do nosso Instituto, promovendo nos corações de todos a devoção à Paixão de Jesus Cristo e às Dores de Maria Santíssima.
Finalmente, com o rosto em terra e com o meu pobre coração em pranto, peço perdão a todos da Congregação, quer presentes como ausentes, por todas as faltas por mim cometidas no cargo que, por vontade de Deus, ocupei por tantos anos. Infelizmente, ao separar-me de vós para partir para a eternidade, não vos deixo senão os meus maus exemplos, embora deva confessar-vos que jamais tive essa intenção, mas sempre tive a peito a vossa santificação, a vossa perfeição. Novamente, pois, peço-vos perdão e recomendo-vos a minha pobre alma, para que Deus a receba no seio da sua misericórdia.
Aí estão, pois, meus caros irmãos, as lembranças que vos deixo de todo o meu pobre coração. Eu vos deixo e vos fico esperando a todos no céu, onde sempre rezarei pelo Sumo Pontífice, pela santa Igreja, que tanto amo, e por toda a Congregação, pelos seus benfeitores e por todas as pessoas pelas quais sei que devo rezar.
A todos, quer presentes como ausentes e futuros, deixo-vos a minha bênção!