O ícone possui uma forma de tríptico, isto é, obra realizada em três placas, conforme a tradição na arte sacra, como imagem do mistério da Trindade Divina.
A parte central, representa a última estação da Paixão de Cristo: a sua morte na Cruz. Aos pés da cruz, se vê Maria, a Mãe de Jesus, e São Paulo da Cruz. Maria está com os braços elevados, desejando abraçar o Filho, mas eles parecem hesitar tal gesto. Até o fim, Maria se deixa conduzir sem resistir à vontade e ao Plano de Deus. As suas mãos refletem uma dor indescritível. Em uma das mãos, ela tem um pano, pronta para encobrir o rosto do filho morto no momento do descendimento da Cruz.
No lugar do discípulo predileto, João, está o fundador dos Passionistas, São Paulo da Cruz. A sua postura exprime tristeza, impotência e uma grande entrega à vontade de Deus. A ele, o Fundador, é dedicado o ícone. Ele põe a sua mão direita sobre o peito, lugar onde, no hábito (passionista), está colocado o 'coração' passionista, símbolo do Amor crucificado.
Sobre as duas imagens de Maria e São Paulo da Cruz e sob os braços estendidos de Cristo, pairam os anjos, chorando assustados diante da Paixão do Filho de Deus. A cabeça de Cristo está inclinada ao lado, e os seus braços estão estendidos de forma desigual. Parece que, também no momento da morte, Ele está em diálogo interno com a sua mãe, como se desejasse confortá-la.
O tronco da cruz penetra, através da terra, o submundo, aonde Satanás, a velha serpente, aguarda o momento da aniquilação de Cristo. Sobre a cruz está o símbolo dos Passionistas, o Coração Passionista, circundado pela mão Deus que abençoa, e pelos símbolos da criação e da 're-criação': sol e lua, anjo do juízo final e a água como uma corrente de vida que jorra do Espírito Santo, representado na forma de uma pomba.
Nas laterais, acima dos dois santos e dos dois beatos, estão dois anjos que mostram os instrumentos da Paixão de Cristo: a esponja e a lança, símbolos da sede de Cristo pela humanidade, e a abertura do seu coração perfurado, fonte dos sacramentos da Igreja.
Na lateral esquerda, se vê Santa Gema, a grande mística do Amor Crucificado, que representa todas as mulheres que compõem a Família Passionista, e o Beato Isidoro de Loor, Religioso Irmão, com o coração ferido de amor.
Na lateral direita, se vê o santo da alegria e do sorriso, São Gabriel de Nossa Senhora das Dores com um crânio, símbolo da fragilidade da vida humana sem Deus e a vela sendo consumida para significar a relatividade de toda experiência humana.
Abaixo dele, se vê o Beato Domingos Bárberi, missionário na Inglaterra, apóstolo do Ecumenismo, com o livro aperto e duas penas (canetas). Deus fala por meio do coração e do intelecto. Quanto maior é o Amor de Cristo, mais profunda será a penetração e a compreensão das Escrituras. À beira da mesa do Beato Domingos, se encontra a ampulheta, como que recordando uma constante vigilância: “Vigiai, pois ninguém conhece nem o dia nem a hora em que o Filho do Homem virá”.