Santuário, centro de irradiação do Carisma Passionista
26/09/2020

Autor: Pe. Alex Antonio Favarato, CP.

O Santuário é, antes de tudo, lugar da memória da ação poderosa de Deus na história. A tenda do encontro já prefigurado no povo de Deus caminheiro pelo deserto. É o sinal visível que proclama, a todas as gerações, quão grande é o amor de Deus e é testemunha de que Ele nos amou primeiro. Sendo escola de oração, exercita nossa capacidade de confiança no mistério. Cada Santuário nos recorda que a Igreja nasce da iniciativa de Deus e que tal iniciativa deve ser acolhida por nós, como puro dom. Os Santuários nos recordam a quem servimos, falam da nossa própria identidade, nos levam a redescobrir nossa missão de batizados.

Destacam-se, na dinâmica própria dos Santuários, três aspectos: Santuário como lugar privilegiado da Palavra, do encontro sacramental e da comunhão eclesial.

Como lugar privilegiado da Palavra – O Santuário, onde a Palavra ressoa, é o lugar da aliança, onde Deus confirma seu povo, a sua fidelidade, para iluminar o caminho e consolar. Antena permanente da Boa Nova.

Lugar do encontro sacramental – É na Reconciliação e na Eucaristia que a Palavra encontra sua mais densa e eficaz atuação. O peregrino chega, muitas vezes, ao Santuário disposto a pedir a graça do perdão e deve ser ajudado a abrir-se ao Pai, rico em misericórdia. Com as celebrações dos sacramentos exemplares, o Santuário comunica a fé da Igreja e colabora para uma formação eficaz, exercendo assim sua missão de nutrir e formar o povo de Deus. Escola da fé.

E, por fim, como lugar de comunhão eclesial – Regenerados pela Palavra e pelos sacramentos, aqueles que vieram ao Santuário como “pedras mortas” tornam-se “pedras vivas”. O Santuário tem esse carisma próprio de fortalecer, renovar e impulsionar a comunhão eclesial. Tenda do Encontro.

Dentro da perspectiva do nosso carisma, acolhemos com espírito de gratidão esses lugares que o Senhor nos confiou. São templos que se caracterizam como centros de uma profunda busca de experiência de Deus. Essas experiências passam pelos sinais presentes neles: milagres, exemplo da vida de algum santo, devoção a Nossa Senhora, presença da Congregação como testemunho e legado, dentre outros sinais. De alguma forma, Deus marcou estes lugares. Nossa missão consiste em colaborar para que os sinais de salvação, neles presentes, ajudem o povo de Deus a viver tal mistério. Os primeiros a crerem, a acolherem o projeto, a entusiasmarem-se somos nós mesmos. Nos Santuários nossas realidades se encontram, sobretudo diante do enorme desafio de evangelizar onde o próprio Deus escolheu para comunicar seu amor.

O Projeto de Evangelização de um Santuário não pode ser equiparado ao trabalho pastoral de uma paróquia ou comunidade. São dinâmicas diferentes. Cada um realiza sua missão e vocação específica dentro da Igreja. Nos lugares onde existem estas realidades, vive-se um grande desafio. Ambos são essenciais e devem realizar sua missão própria sem descaracterizarem suas missões específicas.

Três aspectos devem marcar a dinâmica pastoral dos Santuários a nós confiados: a oração, a cultura e o serviço aos pobres.

Lugar de oração – Nossos Santuários são chamados, por vocação, a proclamar a Palavra da Cruz em abundância, com pregações claras e objetivas, sobretudo na celebração da Eucaristia. Atenção especial, também, na celebração da Penitência, na direção espiritual e na pastoral da escuta.
Tem lugar privilegiado nos Santuários a religiosidade popular que diz: “os Santuários sejam lugar privilegiado da expressão e evangelização da religiosidade popular como caminho para maior conscientização da condição de fiéis em Cristo de onde nasce a dignidade comum a todos”.
Ainda: “Os Santuários, prudentemente, empenhem-se em valorizar as formas de expressões religiosas do povo. Estas possuem grande riqueza em sua forma e em seus expressivos símbolos que, bem acolhidos, podem proporcionar à Sagrada Liturgia, um dinamismo criador” .

Lugar de Cultura –Não se esqueça da alma artística do nosso povo. Sempre que possível, dê-se oportunidade às manifestações folclóricas e à cultura popular” . O resgate histórico de cada Santuário ajudará a compor sua estrutura originária, quer na manifestação de expressões culturais, bem típicas de cada região, quer no resgate da religiosidade popular. Recordo-me de um exemplo dado por Dom Walmor, Arcebispo de Belo Horizonte, sobre o aspecto cultural nos Santuários. “Onde se instala um órgão (musical) entende-se que aí nasce uma escola de música”.

Lugar de serviço aos pobres – Como centros de irradiação do nosso carisma, nossos Santuários são promotores da dignidade humana, nos seus diversos desdobramentos, como a defesa da vida em todas as suas etapas, a acolhida daqueles que nos procuram com necessidades emergenciais, acompanhamento psicológico, etc., e conforme realidade de cada cidade ou estado. Vale lembrar, ainda, a destinação de parte da arrecadação para manter e auxiliar projetos criados ou ligados de alguma forma aos nossos Santuários.

São Paulo da Cruz nos ensina que “na fronte do pobre está escrito o nome de Jesus”. Esta maneira de agir e de se relacionar, com os necessitados, deve impregnar os religiosos e evangelizadores para que os peregrinos tomem consciência de sua missão sócio – transformadora.